Cyberpunk (de Cyber(netic) + punk) é um sub gênero de ficção científica conhecido por seu enfoque de "Alta tecnologia e baixo nível de vida" ("High tech, Low life") e toma seu nome da combinação de cibernética e punk. Mescla ciência avançada, como as tecnologias de informação e a cibernética junto com algum grau de desintegração ou mudança radical na ordem social.
Com esta definição em mente, vamos falar de um jogo exclusivo do 3DO, um tanto irregular, é verdade, mas que merece uma conferida de perto pelos apreciadores do gênero.
Iron Angel of Apocalypse (Tetsujin) | (1994)
Aqui você é Tetsujin, uma palavra que no idioma japonês significa "Homem de Ferro", mas não no sentido de super herói e sim representando alguém preso em uma monstruosidade tecnológica, uma simbiose entre homem e máquina. E este é exatamente o caso no jogo. Um ser humano infeliz transformado em um quase indestrutível guerreiro de metal, uma perversa engenharia criada por um cientista obcecado em extinguir a raça humana.
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O cientista e sua criação |
Mas o que este cientista não contava era que este, ao ser ativado, Tetsujin reteve parte das suas memórias e livre arbítrio, resolvendo buscar vingança contra o criador. Existe um problema: O alvo se encontra no nível mais alto da torre onde o jogo começa, e no caminho há uma horda de robôs assassinos chamados Motoids, que lembram muito os Daleks da série Doctor Who.
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Exterminate! |
Apesar da perspectiva em primeira pessoa, saiba que este jogo não é Wolfenstein ou Doom, muito pelo contrário. Tetsujin é uma máquina de matar, mas é lento, se locomove com dificuldade e tem um campo de visão limitado - o que serve pra justificar as maiores fraquezas do jogo. Mas no contexto, acaba funcionando. Os Motoids também são vagarosos, porém mortais. Alguns deles, devido ao engine do game ser bastante limitado, são difíceis de acertar e podem cercá-lo com facilidade.
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O cientista o espera no topo de uma destas torres.
Encontre o mapa da fase para que o caminho fique mais fácil. |
Graficamente os cenários do game são um tanto monótonos, com níveis em forma de labirintos não muito complexos texturizados de maneira similar em cada andar. Os inimigos são 100% poligonais e a jogabilidade consiste basicamente em explorar os corredores, encontrar os Motoids responsáveis por eles e destruí-los enquanto vai em busca da chave que abre a porta para o elevador que o levará ao próximo andar. Estes elevadores, entretanto, não são lineares, e muitas vezes para chegar ao nível acima é necessário utilizar um elevador secundário que o conduzirá vários níveis abaixo, em fase já visitada mas em uma área que não podia ser acessada enquanto explorada pela primeira vez.
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Uma estação de recarga de energia, elevador e munições espalhadas pelas fases |
Há estações de energia e pontos de acesso onde é possível fazer o download do mapa do andar e assim chegar mais facilmente ao objetivo. Eventualmente um prestativo androide dourado ajuda você, ora guiando, ora avisando sobre pontos fracos dos chefes, que aparecem depois de determinado número de fases.
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À direita, o androide amarelo. Seu único aliado (?!) no jogo. |
Os chefes não são muito intimidadores. A estratégia para todos é usar a sua melhor arma e torcer para que a couraça deles seja mais fina que a sua, pois a esquiva não é eficiente e os tiros chegam sem piedade.
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A propaganda do game e a questão fundamental |
Na caixa do jogo há um selo que diz "Action Role Playing Game". Isso pode confundir o jogador fazendo-o imaginar que vai encarar uma espécie de RPG, mas não é isso que o selo quer dizer.
Na verdade foi uma maneira de nomear um jeito inovador (para a época) de contar uma história, onde você a assiste enquanto joga as partes onde está acontecendo a ação. Falando nisso, a narrativa é interessante e vai aos poucos se desenrolando em detalhes mostrados em decentes sequências de vídeo misturando live-action e animação 3D, narradas em japonês e legendadas em inglês na versão americana. Podemos ir além dizendo que o jogo é muito mais interessante pela história do que pela execução em si.
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Vida eterna: Mas a que preço? |
Recomendável para fãs do gênero Cyberpunk e FPSs dos anos 90, pode render algumas horas de diversão ainda hoje, caso você consiga se acostumar com a lentidão.
Curiosidades:
Uma segunda versão (que abordaremos futuramente aqui) foi lançada cerca de 1 ano depois, com melhor velocidade, gráficos, design de fases e inimigos. E também com um desafio mais equilibrado.
Kileak:The Blood, que teve 3 sequências indiretas no Playstation (Epidemic e Brahma Force) e Robotica do Saturn tem vários elementos em comum com a série Tetsujin.
As excelentes sequências em live-action são assinadas pelo lendário Kurosawa Film Studio, fundado pelo mestre Akira Kurosawa.
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No Brasil: Não raro
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Edição americana e japonesa de Iron Angel of Apocalypse (Tetsujin) |